sexta-feira, 22 de julho de 2011

Strix



Há alguns anos atras, encontravamo-nos eu e uma parceira sob o manto da Lua Cheia, envoltos em instrumentos, velas, incensos sob o intuito de adorar os Deuses Antigos na maneira como me havia sido ensinado pelo meu iniciador e assim foi passado a ele pelo seu próprio iniciador.
Eram tempos bons, pois o prazer da descoberta do “poder” recèm adquirido e a sensação corporal de sintonia com algo que fosse, mas que com certeza não era físico nos enchia o coração de alegria e prazer por entrar em contato com o desconhecido.
Quantos dos que talvez leiam este blog e mesmo aqueles que não estejam lendo já não se encontraram diante desta situação?
Mas na referida noite acima, alguns faltaram e a sensação de solidão era profunda, mesmo que eu me encontrasse com a minha parceira,ainda iniciante e inesperiente nos caminhos da Arte, que nunca deixava de estar ao meu lado. Naquela noite, antes de qualquer coisa, creio que eu buscava respostas, buscava me livrar da dor da solidão que me consumia o coração e me deixava para baixo, mas isto também não era motivo de não levar a frente o meu ofício e o cumprimento dos juramentos feitos outrora.
Em determinado momento, quando eu e a minha parceira realizavamos uma sagração a um ícone e uma vela destinados a divindade eis que silenciosamente naquele escuro apenas iluminado pela luz bruxuleante das velas uma coruja pousa sobre o altar, atras do ícone destinado a divindade e deu um pio bem alto (corujas piam?), lembro-me com exatidão da sensação que me tomou um corpo: um misto de pavor e fascinação por aquele animal que se encontrava ali e que passou a nos observar, seguimos o rito seguindo todos os passos e na hora de nos despedirmos das energias divina a coruja também levantou voo e se foi.

Creio que até hoje vejo aquilo como um sinal para as minhas inquietações internas, não só minhas, mas também da minha companheira no momento (que o destino por um motivo ou outro fez com que seguissemos caminhos diversos).

A coruja em questão era uma Suindara (Tyto Alba), animal este que existe abundamente na minha região na Bahia e que também é conhecida pelos entendidos como Coruja-da-Torre, mas o folclore popular costuma chama-la de Rasga Mortalha e o seu voo e pio sobre uma casa é sinal no credo popular de que é morte para algum dos habitantes daquele imóvel.

Não podia deixar tal situação passar em branco e o meu grupo que até então tinha um outro nome foi batizado de Strix Alba. Strix [F.: Do lat. strix, igis, 'ave noturna', 'feiticeira' < gr. strínx ingós.] Em latim e grego, coruja é strix. Reza a tradição popular que strega strigoi são derivados de strix, porque bruxas, corujas e vampiros são os seres noturnos. E Alba porque as asas internas e o corpo da coruja nos pareciam esbranquiçados no momento que ela chegou ao altar. Vimos então a correlação entre Strix – Coruja – Feitiçaria como perfeita e se encaixando a situação.



Para o Xamanismo a coruja é o símbolo da sabedoria. Tem a capacidade de desvendar o oculto e o inconsciente. Conhecedora dos mistérios, nos permite vencer o temor e aprender a qualidade da consciência do existir em todos os níveis e do fluir. Por ver na escuridão, sua qualidade também está no ultrapassar as limitações do perceptível, mostrando-nos as diversas realidades, da qual o mundo material é apenas uma parte. 
Na Bruxaria Coruja é simbolicamente associada com a clarividência, projeção astral, magia. Ela é a águia da noite. A noite é amiga da coruja. Ela emite seu som na escuridão e identifica qualquer som estranho. Esta qualidade lhe dá a vantagem quando procura comida. Ela é a caçadora noturna. Nós não ouvimos quando a coruja voa, mas sua caça sabe definitivamente quando ela ataca, pelo seu bico e unhas fortes e afiadas. A Coruja é freqüentemente a medicina dos bruxos e bruxas. Em algumas culturas a coruja é o símboloda sabedoria, porque ela vê o que os outros não podem. Atena, a deusa da sabedoria tem como companhia no ombro uma coruja, a qual revela ‘a ela todos os segredos ocultos. A coruja pode trazer ‘a você mensagens ‘à noite através dos sonhos e da meditação.






Tyto alba (Scopoli, 1769)
Ordem: Strigiformes
Família: Tytonidae
Nome popular: Suindara/Coruja-de-igreja
Outros nomes: Rasga-mortalha
Nome em inglês: Barn Owl
Tamanho: 36 cm de comprimento
Habitat: Campos, borda de matas, vegetação aberta, area urbana,
Alimentação: Principalmente roedores
Descrição: A coruja suindara tem em média 36,0 cm de comprimento com uma envergadura de cerca de 75-110 centímetros, as fêmeas pesam em média 570g e os machos 470g (Owls pages, 2010). Comum no Brasil, é conhecida por nidificar em torre de igrejas e locais habitados (razão de um de seus nomes comuns) é uma ave muito especializada, possui uma estruturação única no crânio, separando-a das demais corujas em uma família especial a "Tytonidae" (Sick, 1997). Assim como na maioria das corujas, a Tyto alba possui além da excelente audição e da ótima visão, um voo silencioso, devido as penas especializadas (bordas suaves e macias e não rígidas como nos gaviões) o que permitem ter um voo com pouca turbulência e não serem detectadas pela presa (Sick, 1997). O nome científicoalba refere-se ao padrão branco, plumagem clara da espécie. Ela também é conhecida por Rasga-mortalha, Coruja-das-torres, Coruja-de-igreja
Alimentação:
 As suindaras são aves altamente especializadas e adaptadas à captura de pequenos roedores em áreas abertas e em baixas condições de luz. Normalmente, logo após o anoitecer a suindara voa para suas áreas de caça preferidas, e a partir de um poleiro ou em vôo lento ela procura suas presas na vegetação rasteira (Owl Trust, 2010). Quando algum roedor é ouvido/detectado a coruja voa em direção a presa e quase que "paira" em cima da origem do som, identificando-o e esperando o melhor momento para atacar. No momento do ataque, a suindara se atira contra a presa, jogando a cabeça para trás e esticando ao máximo suas garras para frente para capturar o animal. As técnicas de caça e horários variam de acordo com o habitat, nível de ruído do ambiente, níveis de luz e vento (Owl Trust, 2010; Owl pages, 2010).

Reprodução: Nidifica em forros e sótão de casas, celeiros, abrigos abandonados e torre de igrejas. Antes da existência de celeiros e outras construções humanas, as suindaras usavam ocos de árvores e fendas de rochas para nidificar e ainda usam até hoje. As suindaras não constroem ninhos, para postura e incubação, elas precisam de uma cavidade inferior ou de uma pequena saliência. Bota em média de 4 a 7 ovos, os ovos medem 40 x 32 mm e são incubados durante aproximadamente 32 dias. Dentro de 50 dias os filhotes já estão aptos a voar. Normalmente, não se separam de seus pais até os 3 meses de vida. Os filhotes após aprender as habilidades de caça, se afastam da região. Em cerca de 10 meses as aves mais novas já estão aptas a se reproduzirem. A maioria morre em seu primeiro ano de vida, com a esperança de vida média que é 1 a 2 anos no estado selvagem (Sick, 1997; Antas, 2005). Na América do Norte a suindara mais velha conhecida viveu por 11 anos e 6 meses no ambiente selvagem, em cativeiro podem viver até 25 anos, já que estão livres de outros predadores e doenças que normalmente poderiam adquirir na natureza (Owl pages, 2010).


No mais é isto por hoje pessoal, espero que tenham apreciado e breve estou de volta.
Bençãos e Maldições na medida que possamos merecer e suportar.






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