terça-feira, 13 de setembro de 2011

Um ensaio sobre Lucifer (parte 2)


---------CONTINUANDO OS TEXTOS ------
De entre todos os Deuses foi Lúcifer aquele a manter a relação mais notável com a Humanidade. Por isso, pretender o satanismo na Bruxaria é oximoro. “Satã”, palavra de origem hebraica (Satan) significa “o oposto” “o adversário” “o que discorda de nós” é elemento puramente Cristão, considerado como símbolo do mundo material. A palavra hebraica “Satanás”[1] do latim é corruptela sânscrita “Sanatanas”, significa eterno e até hoje na tradição hindu, ainda é aplicada às três pessoas da Trimurti (Brama, Shiva e Vishnu) e às três divindades femininas correspondentes. Ideia surge no século XII e sobretudo com a difamação lançada pela Igreja para justificar a perseguição às bruxas. Compreenda-se, os legítimos Bruxos e Bruxas nunca adoraram Satanás, o qual é uma invenção da teologia católica, não se importava qual a divindade adorada, para a igreja seria sempre Satanás. Há um axioma em Antropologia, o Deus da tribo conquistada, torna-se sempre no “Diabo” da tribo vencedora. O Satanismo, como tal, é criado no ano de 1966 por Anton La Vey (provavelmente) se baseou em vários sistemas mágicos e religiosos entre os quais, se calhar na Wicca, mas somente isso. Existem dois discursos: aquele presente nas narrativas oficiais dos processos inquisitoriais, tratando a Bruxaria como meras representações teatrais monstruosas e de nível imaginário e requintada malvadez, como considerarem os Sabates uma inversão da missa com a presidência do Diabo; e o discurso subjacente, muito claro através das confissões dos acusados, esclarecendo esse Diabo referido pelos dominicanos e jesuítas são de uma escala, energia e valor imputado diferente daquele. Como se sabe os aquelarres[2] e coventículos hispânicos, não era Satã mas o bode negro. A corrente Laveyiana passou a ser o construtor cultural da Igreja moribunda, sendo literalista quanto aos aspectos e factos históricos, ingenuamente ou por conveniência, do seu satanismo de base, aparece como verídico. Portanto, a introdução de Satã na Bruxaria Tradicional é muito recente na história da Bruxaria neopagã resultante de um melhor conhecimento da sabedoria gnóstica.

Em muitos casos, a figura satânica – o bode – seria incorporado voluntariamente nas assembleias satânicas para desagregar a Bruxaria dos cultos pagãos onde se conservavam puros e conformes aos seus cânones primigénios e anteriores ao cristianismo. A figura do bode não se encontrava presente em nenhuma das religiões; não se praticavam assembleias sabáticas ou aquelarres e apenas existiam os ritos vudus celebrados sob as segas pelos escravos negros (Barrachina, 2006).

Segundo Carlo Ginzburg, as coisas nem sempre se passaram assim. Nalguns casos, a diferença entre as perguntas dos juízes e as respostas dos acusados deixava entrever elementos ligados a cultura profunda. Partindo daí, Ginzburg procurou recompor as peças dispersas da história nocturna, abordando movimentos contra os leprosos, judeus, heréticos e feiticeiros. Isso levou-o a investigar a antiga cultura de fundo xamânico e a desembocar na identificação de formas da experiência de morte e do além com as estruturas narrativas.

«O diabo não passa de fantasma e símbolo do mal. O Judaísmo primitivo ignorou-o; por outro lado, o Jehovah tiránico e sanguinário dos judeus não tinham necessidade deste espantalho. A lenda da queda dos anjos encontra-se no “Livro de Enoque”, desde há muito reconhecido como apócrifo e escrito tardiamente. Durante o grande cativeiro na Babilónia, o judaísmo recebeu das religiões orientais o conceito das divindades pérfidas, mas esta ideia permaneceu popular, sem penetrar nos dogmas. E Lúcifer continua ainda a ser Estrela da manhã e Satã o anjo, filho de Deus.

Não se poder “negar o facto certas mulheres celeradas transformadas em sequazes de Satã (1 Tim. 5.15)”, seduzidas pelas fantásticas ilusões dos demónios, afirmam cavalgar de noite certos animais junto com Diana, Deusa dos pagãos e com grande quantidade de mulheres; percorrer grandes distâncias no silêncio da noite profunda; obedecer às prdens da Deusa como se esta fosse Sua Senhora; e serem chamadas a servi-la em determinadas noites (Ginzburg, 1989).

Mais tarde, se Cristo fala do Malvado e do demónio, é para acomodar às ideias populares do seu tempo; mas, para ele, o diabo não existia... No Cristianismo, o Jehovah (Iavé) vingativo dos judeus converte-se no Pai bondoso: desde então, as demais divindades são divindades do mal. No seu crescimento, o cristianismo entrou em contacto com o helenismo e recebeu dele a concepção de Plutão e das Fúrias, e sobretudo do Tártaro, acomodando-as a suas próprias ideias, assimilando confusamente todas as divindades do paganismo greco-romano e das diversas religiões com as quais se encontrou. Mas é na Idade Média quando nasceu verdadeiramente o diabo (René Guénon).

O satanismo é por si só aberração tão grande quanto toda a estrutura montada no seio do cristianismo durante 2.000 anos. Assim o satanismo torna-se erro de outro e a existência deste favorece a igreja católica e satélites porque torna-se a imagem “viva” de Satã na terra continuando a servir como objecto de terror psicológico, usando e abusando dos personagens, frustrados em relação à sociedade, família, geralmente de fraca personalidade ou sofredores de doenças mentais. Jung opina sobre «o enganador é a sombra coletiva, epítome de todas as impressões inferiores do carácter dos indivíduos». No entanto, este ponto de vista oferece desde nosso posterior estilo de pensamento «atado». Na esfera paleolítica, procede esta figura, arquétipo do herói. O dador de todos os grandes favores, o portador do fogo e o mestre da humanidade.

As tribos caçadoras de norte-americanas atribuem o mesmo facto xamânico da criação do mundo ao seu herói enganador paleolítico. No momento do grande dilúvio encontramos esta figura ambígua, boiando sobre a balsa cheia de animais, pedindo-lhes para mergulhar e subir à pouca terra. Três fazeram-no mas voltaram exaustos; então, o nadador extraordinariamente resistente desce – o mergulhão, a rata almiscarada ou tartaruga – e passou muito tempo (nalguns contos inclusive dias) volta à superfície com o ventre para acima, praticamente morta, mas com o pedacinho da sua pata. E então, Velho, Coiote, Corvo ou Grande Lebre – qualquer seja o personagem a representar ao enganador – pega -o pedacinho de barro e recita o encantamento colocando sobre a superfície da água. A partícula aumenta e em quatro dias cresce até atingir o tamanho da terra. Os animais vão à terra e tudo começa de novo[3].

O monoteísmo hebraico era reticente à ideia de divisão de poderes, Iavé era responsável pelo bem e pelo mal. Pelos sucessivos exílios e cativeiros sucessivos, os hebreus tomaram contacto com as religiões dos grandes impérios do Oriente estabeleceram a distinção nítida entre as forças positivas e negativas. Assim como desastres se abatiam regularmente sobre eles e Iavé, seu deus protector, não podia estar obrigado a ser responsável, concluiram a presença de maus espíritos. Se Iavé era então incapaz de gerar entidades maléficas, se o “demónio” existia, só podia ser anjo servidor rebelando-se contra a autoridade divina. É no segundo “Livro de Samuel” datado do século X ANE, o espírito de Iavé incita a desmembrar o seu povo e em seguida pune-os enviando a peste. Cinco séculos depois, as “Crónicas” (I-21) modificaram a antiga versão mostrando Satã o culpado e não Iavé investindo contra Israel[4]. Não era o anjo do mal completamente culpado mas agia de acordo com Iavé. Desta forma desviava-se da verdade Iavé = Satã para o substituir por outro, Satã era diferente de Iavé. Existe algum pacto, aliança tácita para não dizer similitude inquietante. Depois do cativeiro os hebreus tornam Satã a antítese de Iavé.

Quanto a Iavé, mesmo os luciferianos (pagãos) não o reconhecem como sendo o criador do mundo, pois nunca poderiam cultuar a sua intrasigência, tirania, imperfeição e ciúme, pois o direito de criação não lhe dá o direito da opressão. O episódio do Jardim do Éden é considerado pelos luciferianistas como ponto de partida da série de punições sobre a nossa espécie que a própria Bíblia reconhece. Iavé queria Adão e Eva, continuassem estúpidos. A Serpente libertou-os e franqueou ao jugo divino. A pedra colocada sobre o conhecimento reservado exclusivamente para a elite celeste. Então a nossa espécie evolui só por “desobediência” à ordem estabelecida. Refutam a Iavé o direito de adicionar à sua laia comandos e interdições. Negam-lhe também o direito de castigar os culpados. Portanto recusam a Iavé toda a autoridade sobre a existência sendo assim, não o vêem como bom espírito. Consideram Lúcifer a entidade máxima pois este ajudou a raça humana libertar-se é a Luz para a lbertação sendo a centelha divina em cada ser. Representa o Aéon Salvador acordando o espírito da humanidade, prisioneira da matéria. A igreja combate também a Gnose pela associação de Lúcifer a Cristo. Lúcifer é o nome da libertação o Deus verdadeiro, por algumas tradições é o Inominado. Na ibéria e nalgumas regiões da Europa continua a chamar-se Lúcifer o «Portador da Luz».



[1] Também pode ter sido uma corruptela de manobra que a Igreja adoptou do bogomilismo em que consideravam Satanel irmão de Cristo. Bogomilismo, criado em Bogomil (Bulgária) em 930 e significa «o amado de Deus» esta doutrina vai eclodir e influenciar o movimento Cátaro. O bogomilismo adopta certos elementos da tradição protestante local, torna-a mais embaraçosa a falta de unidade doutrinária.
[2] Sob a bruxaria em Espanha por exemplo a galega ou a do país Basco: a basca tem características que não possuem as bruxarias europeias, por exemplo, os aquelarres ou sabat levavam-se a cabo às segundas-feiras nocturnas e não às sextas-feiras, como era tradição no resto de Europa.
[3] Encontramos equivalentes nos mitos e lendas de todas as partes do mundo, em qualquer lugar onde o xamanismo deixou marca: Oceania e África, bem como na Sibéria e Europa. Na Polinésia, Maui é o enganador. O Coelho Br’er nos mostrou pouco da sua forma africana, onde também é Anansi, a Serpente. Entre os gregos era Hermes (Mercúrio) mudando de forma e o mestre do caminho à terra dos mortos, bem como Prometeo, o “ladrão” do fogo e o entrega à humanidade. No mito germânico aparece como o feitor Loki, cujo carácter era o fogo e quem, na época de Ragnarbic, o Crepúsculo dos Deuses, será o dirigente das hostes de Hel.
[4] Diz então: «Satã subleva-se contra Istrael e incita Davi a desmembrar o seu povo».






                


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

As avós mágicas





    Um fenômeno muito interessante (irc) que eu tenho notado desde que entrei no caminho mágico nos idos anos 2000 é a presença quase que constante das “Avós Mágicas”. A maioria dos pseudos bruxos, pagões, satanistas, wiccanos (ou wiccanianos) tem com quase toda certeza uma Avó Mágica.
    Mas então o que realmente vem a ser as tais “Avós Mágicas”?
    Dentro da senda iniciatica ou dos que pretendem segui-la, uma das coisas que quase sempre lemos inicialmente é sobre a ideia de passar por rituais iniciaticos, aprender umconhecimento tradicional e imutável que vem sendo passado de geração a geração, de século a século. Obviamente a Bruxaria nunca foi e nunca será uma religiao de massas, na verdade como Oficio Feiticeiro, sempre esteve relagadaa uma ideia marginal e proscrita. Digo isto pelo fato de algumas pessoas ainda acreditarem que num passado distante e europeu, todos viviamos num Summerland em volta e dentro dos nossos Circulos de Pedras celebrando uma Deusa Mãe até que a famigerada cristandade destruiu com isto. Enfim, nem sempre é fácil na nossa busca e caminhada e encontrar algo que seja sério, útil aos nossos propósitos e que tenha alguma validade tradicional. Dai não encontrando nos deparamos com os livros tão encontrados pelos sebos virtuais e reais e nas livrarias com a ideia de que Wicca ou Bruxaria é: Faça o que quiser, tudo é valido, junte os Deuses que queira, tudo é valido, não se inicie, tudo é valido, não precisa de orientação, tudo é valido. Percebo que seguindo esta linha de raciocionio, tudo fica bonito, válido, as pessoas vão conhecendo e lendo sobre coisas nunca antes imaginadas e entrando em contato com este vasto mundo da magia (onde elas usam e abusam de todas as mitologias, da celta, nordia, hinduista, xintoista, mas estranhamente dificilmente usam um panteão africano ou algo que seja do folclore nacional), e em um determinado momento as mesmas se julgam em posição de ensinar alguém para passar adiante este valoroso e vasto conhecimento que elas conseguiram a muito ou pouco custo.
    E como fazer isto? Tudo foi aprendido em livros, todo este conteudo que a pessoa se julga respaldada para ensinar e passar adiante está ali nasmãos de quem desejar, então surge a personagem chave de nossa história: A AVÓ MÁGICA.
    Em quase 100% dos casos tais pessoas tem uma avó mágica (vejam bem, nunca é um avô), tal avó era bruxa e o ensinou e o doutrinou em tudo, passando tais conhecimentos secretissimos e senhas e palavras chaves para acessar estes e outros reinos, quase sempre esta avó mágica fez isto escondido dos pais de tais pessoas (outra conhecidencia, quase sempre uma avó mágica tem filhos evangélicos, filhos estes que são os pais da pessoa em questão), e eu me pergunto sempre porque motivos as avós mágicas nunca ensinam os filhos e apenas os netos?
    Penso por vezes que avós dão uma ideia de ancestralidade e antiguidade, validando assim a tentativa das pessoas em respaldarem os seus conhecimentos. Obviamente não estou dizendo com o teu texto que, ninguém possa ter tido uma avó que ensinou e passou tal conhecimento, afinal toda a regra tem sua exceção, comento apenas desta febre que já vejo que dura uns dez anos com as mesmas histórias.
    Lembro de certa vez que conversei com um garoto e o mesmo me disse que tinha uma avó Bruxa Hereditária que seguia o Panteão Egípcio celebrando os oito sabás como eram celebrados no Egito Antigo, fiquei pensando com os meus botões afrouxados: A Wica (ou Wicca) que é no que todos que tentam seguir isto se baseiam segue um padrão de calendário focado numa especifica região europeia, além de tal calendário contar e celebrar a vida dos Deuses cultuados, tais ritos são extremamente ligados ao local onde tal religião foi “criada” (lembro do meu iniciador me dizendo o seguinte: Os deuses da religião são topominicos e topográficos), ou seja levando em conta totalmente a sazonalidade (clima, vegetação, inclinação da terra) como podam os antigos Egípcios estarem celebrando os mesmos sabás que são celebrados na Inglaterra sendo que o clima não era o mesmo? Colheitas, plantio, chuvas, frio, luminosidade enfim n fatores que denotam uma grande diferença, então ao menos ANTIGAMENTE isto não deve ter acontecido realmente.
Obviamente eu deveria ter acreditado em tudo isto, pois foi a avó que passou TODO o conhecimento para este garoto em seu leito de morte (sim, quase sempre todo o conhecimento também é passado no leito de morte da pobre moribunda.
    Então eu termino meu texto duvida/desabafo por aqui, me perguntando se também não vão surgir com a moda das “criadas mágicas” que tudo ensinavam ao pé do fogão.

Que os Deuses possam nos Amaldiçoar e/ou Abençoar, na medida que possamos merecer e suportar
Cadmo Nereu

sábado, 23 de julho de 2011

Um Ensaio Sobre Lúcifer (parte 1)






Este é o post que com certeza causará certa polémica entre muitos denominados “wiccanos”. Isso porque actualmente vem sendo distorcida a Arte, a ponto de alguns segmentos parecer um cristianismo New Age apenas substituindo o deus pela deusa. O paganismo resume a utilização de alguns deuses e deusas, cujas essências não são bem conhecidas acabando por serem modificadas, tornando-os seres absolutamente bondosos. Mas apesar disto tudo, ainda há segmentos dignos de crédito e atenção.

Principalmente alguns wiccanos aceitam como verdadeiro o escrito de Charles Leland1 acreditam em Lúcifer como sendo o Deus do Sol e da Lua, o irmão de Diana, por quem a Deusa se apaixona. Esta ideia está contida na frase abaixo, retirada do livro mencionado: «Diana amou tão intensamente o seu irmão Lúcifer, o Deus do Sol e da Lua, o Deus da Luz...».

É deste acto de incesto nasce Aradia, Bruxa italiana trazendo então à Terra os ensinamentos da Bruxaria da Mãe. Muitos contestam esta versão do autor, alegando ser Lúcifer a influência do cristianismo, embora os defensores afirmem, o Lúcifer mencionado aqui não é o cristão, mas novamente o Deus romano. Na versão Aridiana2, Lúcifer não está presente e nem Diana é considerada como sendo a Mãe de Aradia. São duas versões envolvendo a mesma personagem lendária italiana, cabendo a cada interessado aceitar a mais lhe parecer verdadeira.

Desta forma, vamos dar a visão mais límpida desta deidade controversa perante o dogmatismo clerical.


Porquê Lúcifer? Na astronomia romana, Lúcifer era o nome dado à estrela matutina (a estrela conhecida por outro nome romano, Vénus). A estrela matutina aparece nos céus logo antes amanhecer, anunciando o Sol ascendente. O nome deriva do lucem ferre do termo latino, o que traz, ou porta a Luz. No texto hebraico a expressão descreve o rei babilónico antes da morte dele é Helal, filho de Shahar pode ser melhor traduzido como “estrela do Dia, o filho do Amanhecer”. O nome evoca o resplendor dourado do vestido de um rei orgulhoso e cortês (muito como o esplendor pessoal do Rei Luis XIV de França com o título de “O Rei Sol”).

Antes da igreja romana ter degenerado o nome do, depois arcanjo, Lúcifer, este tinha conotação positiva. Era o Portador da Luz. Os gregos chamaram-lhe Fósforos ou Eósforos, i.e., o planeta Vénus portadora da Luz do dia. Na Roma, Diana (Artémis), a Deusa lunar, chamou-se Lucífera, a Portadora da Luz. O nome de Lúcifer foi utilizado pelos primeiros cristãos para designar Cristo, a “Luz do mundo”, qualificado depois de Lucifer matutinus ou de Lucifer qui nescit occasum (a Luz ignorante do declínio). No Apocalipse, (II, 8; XXXII, 16), Jesus dava a si mesmo o nome de “Estrela da Manhã” e designa também sob essa designação o Espírito Santo.

Também o “Grande Arquiteto do Universo” está evidentemente aparentado com a “primeira causa” ou “primeiro motor” de Aristóteles, sem relação com o Deus pessoal da Bíblia, revelado em carne na pessoa de Jesus de Nazaré, a quem, naturalmente, não se lhe reconhece como Unigénito Filho de Deus, senão como o dos muitos “iluminados” contribuíram benefícios espirituais à humanidade. Jesus de Nazaré é para a Maçonaria o “portador da tocha”, juntamente com outros, Lúcifer, como seu próprio nome indica3.

Como vimos, Lúcifer vem do latim, lux+ferre e é denominado muitas vezes, como sendo a Estrela da Manhã. A primeira representação, adopta este nome na Roma Antiga, onde originalmente era utilizado para denominar o planeta Vénus quando anunciava a poente o nascer do Sol. Porém esta ideia de um Deus da Luz associado com a Estrela da Manhã ao invés da Aurora data de época muito mais remota, sendo utilizada por Sócrates e Platão. Segundo a Edith Hamilton, Mythology, encontramos nesta ideia de Deus da Luz que estava justaposto com Hélios e Hermes.



1 Aradia the Gospel of the Witches
2 Proveniente da vila de Arida – dizem que a maior parte dos discípulos de Aradia vieram desta localidade no centro da Itália. A maioria dos praticantes modernos da Stregaria segue essa tradição. A maioria dos ritos desta apostilha é Aridianos.
3 O verdadeiro mação não tem inclinação para credo algum. Se percebe d a iluminação divina na Loja conduzindo-o para a religião universal: Cristo, Buda ou Maomé – o nome importa muito pouco – são portadores da luz e isto é o importante, não quem a leva. Pode adorar-se em qualquer santuário, postrar-se no altar, seja templo, mesquita, sinagoga ou catedral, pois o mação, com superior conhecimento, compreende a unidade de toda verdade espiritual.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Strix



Há alguns anos atras, encontravamo-nos eu e uma parceira sob o manto da Lua Cheia, envoltos em instrumentos, velas, incensos sob o intuito de adorar os Deuses Antigos na maneira como me havia sido ensinado pelo meu iniciador e assim foi passado a ele pelo seu próprio iniciador.
Eram tempos bons, pois o prazer da descoberta do “poder” recèm adquirido e a sensação corporal de sintonia com algo que fosse, mas que com certeza não era físico nos enchia o coração de alegria e prazer por entrar em contato com o desconhecido.
Quantos dos que talvez leiam este blog e mesmo aqueles que não estejam lendo já não se encontraram diante desta situação?
Mas na referida noite acima, alguns faltaram e a sensação de solidão era profunda, mesmo que eu me encontrasse com a minha parceira,ainda iniciante e inesperiente nos caminhos da Arte, que nunca deixava de estar ao meu lado. Naquela noite, antes de qualquer coisa, creio que eu buscava respostas, buscava me livrar da dor da solidão que me consumia o coração e me deixava para baixo, mas isto também não era motivo de não levar a frente o meu ofício e o cumprimento dos juramentos feitos outrora.
Em determinado momento, quando eu e a minha parceira realizavamos uma sagração a um ícone e uma vela destinados a divindade eis que silenciosamente naquele escuro apenas iluminado pela luz bruxuleante das velas uma coruja pousa sobre o altar, atras do ícone destinado a divindade e deu um pio bem alto (corujas piam?), lembro-me com exatidão da sensação que me tomou um corpo: um misto de pavor e fascinação por aquele animal que se encontrava ali e que passou a nos observar, seguimos o rito seguindo todos os passos e na hora de nos despedirmos das energias divina a coruja também levantou voo e se foi.

Creio que até hoje vejo aquilo como um sinal para as minhas inquietações internas, não só minhas, mas também da minha companheira no momento (que o destino por um motivo ou outro fez com que seguissemos caminhos diversos).

A coruja em questão era uma Suindara (Tyto Alba), animal este que existe abundamente na minha região na Bahia e que também é conhecida pelos entendidos como Coruja-da-Torre, mas o folclore popular costuma chama-la de Rasga Mortalha e o seu voo e pio sobre uma casa é sinal no credo popular de que é morte para algum dos habitantes daquele imóvel.

Não podia deixar tal situação passar em branco e o meu grupo que até então tinha um outro nome foi batizado de Strix Alba. Strix [F.: Do lat. strix, igis, 'ave noturna', 'feiticeira' < gr. strínx ingós.] Em latim e grego, coruja é strix. Reza a tradição popular que strega strigoi são derivados de strix, porque bruxas, corujas e vampiros são os seres noturnos. E Alba porque as asas internas e o corpo da coruja nos pareciam esbranquiçados no momento que ela chegou ao altar. Vimos então a correlação entre Strix – Coruja – Feitiçaria como perfeita e se encaixando a situação.



Para o Xamanismo a coruja é o símbolo da sabedoria. Tem a capacidade de desvendar o oculto e o inconsciente. Conhecedora dos mistérios, nos permite vencer o temor e aprender a qualidade da consciência do existir em todos os níveis e do fluir. Por ver na escuridão, sua qualidade também está no ultrapassar as limitações do perceptível, mostrando-nos as diversas realidades, da qual o mundo material é apenas uma parte. 
Na Bruxaria Coruja é simbolicamente associada com a clarividência, projeção astral, magia. Ela é a águia da noite. A noite é amiga da coruja. Ela emite seu som na escuridão e identifica qualquer som estranho. Esta qualidade lhe dá a vantagem quando procura comida. Ela é a caçadora noturna. Nós não ouvimos quando a coruja voa, mas sua caça sabe definitivamente quando ela ataca, pelo seu bico e unhas fortes e afiadas. A Coruja é freqüentemente a medicina dos bruxos e bruxas. Em algumas culturas a coruja é o símboloda sabedoria, porque ela vê o que os outros não podem. Atena, a deusa da sabedoria tem como companhia no ombro uma coruja, a qual revela ‘a ela todos os segredos ocultos. A coruja pode trazer ‘a você mensagens ‘à noite através dos sonhos e da meditação.






Tyto alba (Scopoli, 1769)
Ordem: Strigiformes
Família: Tytonidae
Nome popular: Suindara/Coruja-de-igreja
Outros nomes: Rasga-mortalha
Nome em inglês: Barn Owl
Tamanho: 36 cm de comprimento
Habitat: Campos, borda de matas, vegetação aberta, area urbana,
Alimentação: Principalmente roedores
Descrição: A coruja suindara tem em média 36,0 cm de comprimento com uma envergadura de cerca de 75-110 centímetros, as fêmeas pesam em média 570g e os machos 470g (Owls pages, 2010). Comum no Brasil, é conhecida por nidificar em torre de igrejas e locais habitados (razão de um de seus nomes comuns) é uma ave muito especializada, possui uma estruturação única no crânio, separando-a das demais corujas em uma família especial a "Tytonidae" (Sick, 1997). Assim como na maioria das corujas, a Tyto alba possui além da excelente audição e da ótima visão, um voo silencioso, devido as penas especializadas (bordas suaves e macias e não rígidas como nos gaviões) o que permitem ter um voo com pouca turbulência e não serem detectadas pela presa (Sick, 1997). O nome científicoalba refere-se ao padrão branco, plumagem clara da espécie. Ela também é conhecida por Rasga-mortalha, Coruja-das-torres, Coruja-de-igreja
Alimentação:
 As suindaras são aves altamente especializadas e adaptadas à captura de pequenos roedores em áreas abertas e em baixas condições de luz. Normalmente, logo após o anoitecer a suindara voa para suas áreas de caça preferidas, e a partir de um poleiro ou em vôo lento ela procura suas presas na vegetação rasteira (Owl Trust, 2010). Quando algum roedor é ouvido/detectado a coruja voa em direção a presa e quase que "paira" em cima da origem do som, identificando-o e esperando o melhor momento para atacar. No momento do ataque, a suindara se atira contra a presa, jogando a cabeça para trás e esticando ao máximo suas garras para frente para capturar o animal. As técnicas de caça e horários variam de acordo com o habitat, nível de ruído do ambiente, níveis de luz e vento (Owl Trust, 2010; Owl pages, 2010).

Reprodução: Nidifica em forros e sótão de casas, celeiros, abrigos abandonados e torre de igrejas. Antes da existência de celeiros e outras construções humanas, as suindaras usavam ocos de árvores e fendas de rochas para nidificar e ainda usam até hoje. As suindaras não constroem ninhos, para postura e incubação, elas precisam de uma cavidade inferior ou de uma pequena saliência. Bota em média de 4 a 7 ovos, os ovos medem 40 x 32 mm e são incubados durante aproximadamente 32 dias. Dentro de 50 dias os filhotes já estão aptos a voar. Normalmente, não se separam de seus pais até os 3 meses de vida. Os filhotes após aprender as habilidades de caça, se afastam da região. Em cerca de 10 meses as aves mais novas já estão aptas a se reproduzirem. A maioria morre em seu primeiro ano de vida, com a esperança de vida média que é 1 a 2 anos no estado selvagem (Sick, 1997; Antas, 2005). Na América do Norte a suindara mais velha conhecida viveu por 11 anos e 6 meses no ambiente selvagem, em cativeiro podem viver até 25 anos, já que estão livres de outros predadores e doenças que normalmente poderiam adquirir na natureza (Owl pages, 2010).


No mais é isto por hoje pessoal, espero que tenham apreciado e breve estou de volta.
Bençãos e Maldições na medida que possamos merecer e suportar.






"Eu"

Oi, eu sou o Κάδμος e não estou muito certo do que eu sou.
Eu só sei que existe algo sombrio em mim. E eu escondo.
E certamente não falo sobre isso.
Mas está lá, sempre está lá
Esse passageiro sombrio,
Quando ele está me dirigindo...
eu me sinto...
VIVO.
Meio mal de ter esta sensação de estar totalmente errado.
Não tenho lutado contra ele, não quero.
É tudo que tenho.
Nada ou Ninguem mais poderia me amar.
Nem eu mesmo.
Ou é só uma mentira que o passageiro sombrio me conta?
Pois existem momentos ultimamente em que sinto conectado a algo mais, alguém.
É como, se a máscara caisse
e coisas, pessoas, que nunca tiveram importancia, passam a ter.
Isso me assusta muito.

Uma nova apresentação



Perfeito amor e Perfeita confiança.... Estas foram as
primeiras palavras que pronunciei ao atravessar o Portal...
Mas aquele que me guiou até lá, acabou por me derrubar esta crença e
então me vi perdido.
Aqui estava eu sem os pilares balisadores que deveriam estar em meu
caminho.
Mas depois de um tempo encontrei alguém e esta pessoa me respondeu:
Perfeito amor e Perfeita Confiança e mais uma vez eu voltei a acreditar
que as coisas seriam desta maneira. Porém a roda com seu giro
ininterrupto me demonstra que mais uma vez os pilares estavam rachados e
desde então eu deixei de amar e de confiar.
Abandonei a partir de então a Disciplina, a Hierarquia e a Postura e
passei a viver caminhando pelas sombras, tal qual o mítico Cadmo a
perseguir uma irmã que já não encontraria.
Me vi perdido em brumas tal qual Morgana ao não consegui retornar a
Avalon e em nenhum ponto conseguia encontrar paz.
Mas algo neste caminho ainda precisava se igualar e chegou a minha tão
esperada vez de derrubar o Perfeito Amor e a Perfeita Confiança que
depositaram em mim.... E o período das sombras e brumas perdurava em meu
caminho.

Hoje me vejo distante de tudo e de todos, mas algo parece ter mudado
dentro de mim. Ela lançou o teu “beijo” sobre meu corpo e deixou
impregnada a tua marca tanto física quanto espiritualmente. A dor e o
prazer do “beijo” não se compara a sensação alguma que já senti, não que
seja melhor ou pior, apenas uma nova sensação...E aquele a quem deveria
me inspirar tamanha confiabilidade foi o que mais despertou dor ao ser
gravado.

Me sinto novamente renovado e inspirado a seguir um novo caminho, a
seguir junto aos meus, esquecendo e não mais cometendo os erros do
passado me lanço num novo caminho.

Cadmo me inspira a ter astúcia, determinação e força para perseguir os
meus sonhos e continuar no meu caminho, mesmo que suja dragões a
enfrentar e semeados a guerrear, não me deixei fraquejar.

Nereu me inspira a portar a confiabilidade necessária para que meus
superiores me vejam como alguém digno e os que eu venha a guiar tenham
forças o bastante para colocar suas vidas em minhas mãos.

Atégina e Endovélico que sejam a força necessária para iluminar o meu
ser com a terceira ponta do ternário e me façam seguir o caminho da
“iluminação”.

Que assim seja e assim se faça.
Que o circulo nunca se quebre
E que a lei se cumpra
A bem de todos nós.